Chegou a hora de vermos tudo que aconteceu com o Douglas Campos e toda equipe da GPA durante os 3 dias de prova do UB515. Caso você esteja chegando ao nosso blog só agora e não sabe o que é o UB515 nem conhece o Douglas ainda, aqui estão 2 links para você se atualizar:

Conheça o Ultra Triathlon

Como é a preparação de um ultra-atleta. Conheça Douglas Campos!

Apresentações feitas, vamos explicar a estrutura deste post. Vamos contar tudo pra vocês sobre a prova, os 3 dias, os momentos mais marcantes e as sensações através de quem estava lá e viveu toda essa emoção. Uma matéria construída a partir dos relatos do próprio Douglas Campos (D), do treinador Gustavo Pinto (G), do amigo Marco Scarduelli (M) e os registros fotográficos de Eduardo Duks. No começo de cada parágrafo, a letra inicial dos nomes identifica quem está falando.

Hora de começar, vamos juntos com essa grande equipe saber tudo que aconteceu durante o UB515

Quinta-feira – 4 de maio de 2017

(M) Eu, Gustavo e Duks chegamos na quinta à tardinha em Ubatuba. Encontramos o Douglas já na casa e fomos até o local de largada para conhecer e também até a saída da cidade para que não houvesse erros de percurso. 

Sexta-feira – 5 de maio de 2017

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(M) Acordamos cedo, ansiosos em relação ao evento. Um dia muito bonito, nascer do sol lindíssimo, mar tranquilo, sem corrente, bom pra nadar. Momento inicial de confraternização, algumas orações, uma energia que deu uma ideia do que teríamos pela frente. Encontramos figuras de destaque como Alexandre Ribeiro e Sérgio Cordeiro, ali começou cair a ficha da importância do evento.

(G) O 1º dia seria composto por 10km de natação e 150km de ciclismo então era um dia relativamente tranquilo, a gente sabia que o Douglas terminaria dentro do tempo limite de 12 horas, só queríamos realizar uma boa etapa de natação e um ciclismo conservador pensando no 2º dia. Ele nadou muito bem, saiu com 3h32 da água e um ritmo médio de 2:13 por 100m. Fechamos o 1º dia com certa folga e tranquilidade dentro do que estava previsto.

(D) Estava tranquilo, talvez um pouco ansioso pra começar logo. O mar estava calmo, apesar de às vezes surgirem uma marolas grandes, mas nada que atrapalhasse. Acabei nadando melhor do que havia programado, fiz o que havia combinado com o Gustavo (que foi coach e remador), alimentação e orientação dentro do mar funcionaram perfeitamente. Quando saí da água me surpreendi com o tempo, pois para quem me conhece sabe que não sou um bom nadador. Saindo da água fui direto para nosso GPA móvel, para então tomar um banho de água doce, trocar de roupa e comer algo que no nosso Master Chef (Marquinho) havia preparado. Após tudo pronto parti para os 150km de pedal, estava uma chuva fina o que deixa as vias um pouco perigosas. Fiz o pedal dentro do tempo programado apesar das dificuldades da altimetria do percurso e pela chuva que caía, mas depois conversando com a equipe percebemos que poderia ter ido um pouco melhor se tivesse me alimentado um pouco diferente, erros que não iria levar para o segundo dia de prova, chegamos em Paraty finalizando o primeiro dia, estava muito feliz por terminado bem, inteiro e por não ter acontecido nenhum problema, mas sabia que o próximo dia seria mais difícil que o primeiro.

Sábado – 6 de maio de 2017

(G) Na noite anterior havíamos feito um balanço do 1º dia principalmente na questão de alimentação, faltou um pouco de energia, então decidimos que o Douglas se alimentaria em vez de 40 minutos a cada meia hora, e tudo que ele comia eu anotava o tempo, a hora relógio e o que ele estava comendo, para ter controle e saber que tipo de comida podia oferecer. 

(M) O dia começou cedo, apreensivo, a previsão era de chuva, e realmente pela manhã começou a cair alguns pingos, a largada atrasou intencionalmente por causa da chuva.

(D) Era o dia mais esperado, o dia que fez com que eu tivesse algumas insônias, ou seja, o principal dia para mim. Mesmo sabendo que teria um dia duro e cansativo pela frente, me sentia tranquilo e confiante, algo dentro de mim dizia que daria tudo certo, estava até mais tranquilo que o primeiro dia. Na fila de espera da largada pude conversar com alguns atletas era possível perceber que alguns estavam bastante ansiosos também. Mas vamos lá, chegou minha vez de largar. Comecei o pedal no meu ritmo, ritmo confortável pois sabia que não poderia forçar muito, porque poderia faltar pernas no final, mas também não poderia aliviar pois corria o risco de faltar tempo para finalizar, ou seja, era o tempo todo fazendo contas, pra conseguir chegar no pé da Serra do Piloto dentro do tempo estipulado pela nossa equipe.

A temida Serra do Piloto

A temida Serra do Piloto

(D) Enfim chegamos em Mangaratiba, no pé da Serra do Piloto, estava ali o motivo de tantas horas de treino na serra, o motivo de dúvida da conclusão do segundo dia, mas vamos lá, como na largada me sentia bem e confiante, parei pra me alimentar de um maravilhoso “escondidinho de carne” e trocar de bike (road). Perguntei ao coach como estávamos de tempo, apesar da resposta positiva sabia que não era tão tranquilo assim, pensei comigo vou ter que fazer muita força.

(G) A gente esperava uma dificuldade muito grande no 2º dia em virtude de um ciclismo muito longo e muito extenso, apesar dele ter treinado bastante, tinha a serra com 40km de ida e volta que preocupava bastante e que por fim este foi o momento onde as coisas mudaram. Foi o momento de virada, e de muita confraternização com outras equipes quando íamos encontrando outros atletas pelo caminho.

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(M) No momento em que entrou na serra, o Douglas procurou forças de toda sua preparação em São Bonifácio (SC), e vimos que ele começou a ultrapassar os atletas. Entramos em um estado de euforia, de empolgação e de agitação em relação ao Douglas, e ele respondia muito bem a isso.

(D) Aos poucos foram começando as curvas e subidas, no início não tão inclinadas, porém constantes. E aos poucos fui superando cada uma delas, com o apoio da minha equipe, que em nenhum momento parou de gritar e me incentivar, seja pelo famoso “MEGAFONE GPA” ou gritando mesmo.

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(G) Douglas pedalou demais ali, na subida da serra a gente tinha organizado uma estratégia de troca de bicicleta, trocar uma bicicleta de contrarrelógio por uma de estrada e acabou dando certo e conseguimos alcançar pessoas, ultrapassamos 10 atletas nesse percurso de serra o que foi motivando ele a cada ultrapassagem, a cada km rodado e nos motivando também a dar cada vez mais força pra ele.

(D) Do meio para o final da serra pegamos uma chuva forte, foi preciso um certo cuidado para que não acontecesse nenhum acidente. Enfim chegamos no topo da Serra do Piloto, e para nos presentear a chegada lá em cima nada mais nada menos do que Alexandre Ribeiro e Ivan Albano no retorno pra nos receber embaixo de chuva….pensei comigo, essa prova é realmente diferenciada. Agora era só descer, ou melhor…subir e descer novamente porque ainda tinham algumas subidas pela frente. Chegamos no pé da serra novamente, a Serra do Piloto havia terminado, porém a prova ainda não, faltavam ainda uns 40km. Mais algumas subidas e descidas e então a tão esperada linha de chegada do 2 dia chegou, era uma mistura de sentimentos, não sabia o que fazer, se chorava, se gritava, se sorria,  ou se abraçava minha equipe, a emoção contagiou todos nós.

(G) Foi o auge do momento da prova, a serra foi onde tudo virou porque o Douglas é um bom corredor, então a gente sabia que na etapa de dupla maratona ele correria muito bem, e o 2º dia era um dia que a gente tinha uma preocupação maior se ele conseguiria fazer a prova dentro do tempo previsto que era de 12 horas, e felizmente deu tudo certo e ele terminou com 10h40 nesse dia.

(D) Essa equipe foi fundamental para que eu concluísse mais um dia, sem eles tenho certeza que não chegaria a tempo. A sensação de mais um dever cumprido foi espetacular, concluir o segundo dia era como tirar um peso gigante dos ombros, mesmo sabendo que era apenas o segundo dia e que no dia seguinte ainda tinha a dupla maratona, mas eu sabia que terminando o segundo dia ganharia confiança para o último dia. Agora era descansar, dar um pouco de risadas com a equipe e esperar o terceiro e último dia.

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Domingo – 7 de maio de 2017

(M) Clima menos tenso, porque a gente sabia da capacidade do Douglas na corrida, a gente conseguiria terminar, ele tinha capacidade de correr e terminar a prova.

(G) Ja sabíamos o percurso, acordamos cedinho, o Marco foi passar com o Douglas o percurso da prova pra ele saber em qual km tinha subida, morro, onde era mais plano, enquanto isso fui organizando a alimentação dele, organizei tudo na bicicleta, na minha camiseta de ciclismo. Já tínhamos conversado sobre qual ritmo ele tinha que correr, manteve o ritmo, durante a prova a gente também conversou pra ele não fazer força nas subidas e seguramos bastante na descida pra não ter desgaste muscular. 

(D) Esse dia prometia por vários motivos, primeiro não saberia como meu corpo reagiria depois de todo esforço do dia anterior, o dia prometia ser quente, e por fim, era o último dia, o dia da conclusão de um sonho que estava apenas 84,4 km de distância. Antes da largada uma oração com todos os atletas e equipes para agradecer mais um dia de prova, e pra que todos possam terminar mais um dia bem. Vamos pra largada…. Estava tranquilo e confiante, pois sabia que se conseguisse encaixar o ritmo programado e seguisse as orientações da minha equipe chegaria ao final dentro do tempo.

(M) Douglas mantendo o ritmo, sem sofrimento, diferente da maioria. Vento a favor, pace mantido, Gustavo acompanhando de bicicleta e nós de carro.

(D) Não fiz programação de tempo final, fui pensando km a km preocupado apenas com meu ritmo. Foi o dia de prova que estive mais perto da minha equipe, pois tive o tempo do o Gustavo do meu lado me acompanhando de bike, controlando minha alimentação e hidratação, não precisei me preocupar com nada, apenas em correr dentro do ritmo proposto. A equipe que estava no carro também, foi excepcional, não deixaram faltar nada, isso faz toda diferença.

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(D) Os kms foram passando, o ritmo encaixando, tive a oportunidade e o privilégio de correr alguns kms ao lado de Sergio Cordeiro e Marcio Villar. Pude conversar com alguns atletas e equipes no meio do percurso, cada um no seu ritmo, se ajudando, dando força um ao outro, todo mundo com um só objetivo, terminar a prova. E com isso os kms foram passando, e a distância do sonho diminuindo, mas sabia que não poderia me empolgar, pois a prova só terminaria no momento que cruzasse a linha de chegada. Poderia dizer que os últimos 12kms (último retorno) foram os mais difíceis, essa dificuldade durou no máximo 1km…pq eu tinha um anjo da guarda do meu lado que não deixava eu desanimar em nenhum momento. Minha equipe se reveza no apoio, cada um com uma palavra de incentivo, meu irmão que veio pra me dar um apoio no ultimo dia.

(M) O Douglas é um cara muito introvertido, muito na dele, percebíamos que ele estava ansioso, mas ele é muito tranquilo, ele não tem momentos de euforia, foi muito tranquilo vê-lo na prova, ele segue orientações, o que o Gustavo programou ele fez, o que orientamos ele fez. Eu sinto que ele tinha a pressão do 2 dia e no momento que subiu a serra e subiu bem, ele se soltou um pouco mais e aproveitou, por essa razão sua maratona saiu tão bem.

(D) Então chegam os últimos 5kms finais, você não sabe o que pensar, não sabe que reação vai ter, começa a passar um filme de toda trajetória que passou pra chegar ali, pensar na minha família, minha namorada, nessa equipe maravilhosa que esteve ao meu lado, é filme em segundos. Então nos últimos 100m vejo a linha de chegada…aquela famosa faixa azul, chegou a minha vez, chegou a minha hora.  Ao cruzar a linha de chegada a emoção e os sentimentos são muito intensos, nunca havia sentido algo parecido em nenhuma prova. Pensei em tanta coisa que não conseguiria descrever. Dever cumprido….realização de um sonho, agora é comemorar e curtir o momento de realização.

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(G) Ele fez a 5ª melhor corrida da prova, foi extremamente regular. O ritmo que ele começou correndo o 1km foi o que ele terminou aos 84, e isso não é muito simples de fazer. Estratégia excelente. Não fazia ideia de como era a prova, de como se desenvolvia, sabia pela teoria mas nunca tinha vivido isso, são muitas emoções que vai se sentindo. O atleta deve passar períodos de euforia e angústia também e a gente sente isso o tempo todo, estar acompanhado, perto, vibrando o tempo todo, passando energia positiva, em nenhum momento deixar ele com alguma preocupação. Foi fantástico, o Douglas é extremamente disciplinado, ouve, compreende! Nos divertimos muito, o tempo todo com uma boa energia, uma boa vibração, um ajudando o outro, tudo muito leve, muito bom. Sempre que a gente avalia alguma coisa a gente diz se… não tem nenhum “se” a acrescentar, foi tudo perfeito, melhor do que a gente imaginava, o apoio do Marco segurando muita coisa na logística e do Duks registrando tudo. Deu tudo certo, foi muito bom!

(M) Não é uma competição, é uma celebração. A alegria de encontrar os staffs, o outro corredor que você estivesse ultrapassando, a gente fazia questão de dar força, de parabenizar, de motivar. Os outros faziam com a gente também. Ao final dos percursos todo mundo muito bem, muito espirito solidário, de equipes, éramos um grupo só!

(D) Hoje sou uma pessoa diferente, nem melhor e nem pior que ninguém, e acredito que todos atletas tem esse sentimento. Só tenho agradecer a toda a organização da prova pela oportunidade. Muito Obrigado Equipe UB515. Eles não se preocupam com quantidade e sim com qualidade, essa equipe é diferenciada.

Primeiro quero agradecer a Deus por ter colocado essas pessoas pra cuidar de mim, como já disse eles não foram staffs, foram ANJOS DA GUARDA. Agradecer a minha família e minha namorada Larissa que sempre me apoiou e teve muita paciência nesse período de treinamento. Agradecer a todos que torceram mesmo que de longe, que mandaram mensagens ou me ligaram para dar incentivo e passar energias positivas. Ao Fernando que me emprestou a casa, ao Beto que me emprestou a bike. Pode ter certeza que vocês também são parte dessa conquista.

Os momentos foram os melhores possíveis, pra mim estar com essas pessoas já é divertido, eles fizeram com que os meus dias se tornassem menos difíceis. Sempre com palavras de apoio, incentivando. Pra mim não teve momento ruim, só momento bom, não deixavam que eu fizesse nada. Pessoas que abriram mão do seus compromissos com trabalho, família, pra estar ali, 3 dias em minha função. Passar por eles e ver o sorriso de cada um, a dedicação, a disposição, isso não tem preço. É uma gratidão que vou levar pro resto da minha vida.

MUITO OBRIGADO! Gustavo Pinto, Marco Scarduelli, Eduardo Duks Moreira e Jaques de Campos. A melhor equipe de apoio UB515 2017 com certeza.

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Pra terminar um vídeo com a música que é trilha sonora do UB515:

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