Hoje viemos falar mais um pouco sobre suplementos nutricionais que são classificados com “Nível A de evidências científicas”, nível esse que representa a qualidade dos estudos disponíveis. Este nível também define a confiança na informação encontrada e possibilita assim a definição de uma determinada recomendação.
Entre esses suplementos, vamos destacar a CAFEÍNA, pois talvez ela seja uma das mais utilizadas pelos atletas. Porém, alguns fatores devem ser observados e considerados na utilização para que se tenha a resposta desejada, pois efeitos deletérios podem ser desencadeados e até mesmo levar a queda de performance.
Vamos entender melhor, então? Continue a leitura:
O que é a cafeína?
A cafeína é utilizada como um recurso ergogênico, possibilitando a melhora no desempenho esportivo. Sugere-se que, pelo aumento da contração muscular, redução na percepção da dor e esforço e pela mobilização e oxidação dos ácidos graxos, seja utilizada como fonte de energia ou poupando glicogênio muscular.
Adenosina e cafeína, qual a relação?
Quando falamos redução na percepção da dor e esforço é preciso entender o papel da adenosina.
Ela é um neurotransmissor inibitório que, na contração muscular, aumenta suas concentrações no músculo e no plasma, inibindo que a mensagem excitatória seja enviada.
Entre as funções da adenosina está a indução do sono, redução da atividade motora, diminuição da frequência cardíaca, redução da dopamina, aumento de percepção da fadiga, entre outras funções desfavoráveis à prática esportiva e é aí que entra o papel da cafeína.
A cafeína atravessa a barreira hematoencefálica e compete com os receptores de adenosina, neutralizando assim os efeitos inibitórios e deixando o atleta em alerta. Todavia, quando no aumento da contração muscular, essa ação dá-se pela liberação do cálcio do retículo sarcoplasmático, aumentando assim a contração muscular.
Cafeína e ácidos graxos
A mobilização dos ácidos graxos ocorre pelo estímulo da cafeína sobre a glândula adrenal que, por sua vez estimula o hormônio adrenalina na quebra dos triglicerídeos em ácidos graxos, os quais liberados podem ser usados como fonte de energia após a oxidação assim como poupar glicogênio muscular.
Capacidade de metabolização
Outro ponto que precisa ser avaliado é a capacidade de metabolização.
A cafeína é metabolizada no fígado por enzimas específicas que podem sofrer alterações genéticas, ou seja, polimorfismos que alteram sua ação.
Responsáveis pela velocidade de metabolização da cafeína (CYP1A2) e caracterizando metabolizadores “rápidos”, “lentos” ou polimorfismo no gene receptor de adenosina (ADORA2A), quando a adenosina se liga a esse receptor, ficamos cansados e sonolentos.
E como avaliar sua resposta individual?
Primeiro, a forma mais fidedigna é o exame genético que hoje já é facilmente encontrado.
Outra forma é por percepção. Tremores, irritabilidade, aumento da frequência cardíaca, aumento na sudorese, agitação mental, dificuldade de dormir ou sono agitado, são respostas muitas vezes negligenciadas.
Outro ponto, o qual questiona-se, é o uso prolongado e crônico da cafeína e a percepção de resposta. Pois bem, evidências científicas nos trazem que os benefícios de desempenho com a suplementação aguda de cafeína não são influenciados pelo nível de consumo habitual de cafeína, o que podemos sim direcionar é a dosagem e o momento de uso para ter melhores benefícios quando uso agudo.
Dosagem
A dosagem que evidenciam benefícios são de 3 a 6 mg/kg peso/dia, sendo o pico em 60 min e a meia vida de 3 a 4h. Doses maiores de 9 mg/kg peso não parecem aumentar os benefícios e são mais propensas a aumentar o risco de efeitos colaterais (náusea, ansiedade, insônia e inquietação)
Saiba mais sobre nutrição na corrida aqui no blog da GPA!
Janaina Porto Alegre
Nutricionista Esportivo e Triatleta
CRN 3611